No marketing político, o uso das chamadas “vacinas” é uma estratégia consagrada. Quando um adversário descobre uma fragilidade e se prepara para explorá-la em busca de vantagem, o político vacinado se antecipa: admite o fato antes que o outro possa usá-lo como munição. Como numa jogada bem pensada de xadrez, o movimento desarma o oponente e muda o rumo da narrativa.
A primeira vantagem é clara: o ataque perde força. A segunda é ainda mais estratégica — ao abordar o tema por iniciativa própria, o político pode explicar os fatos sob sua ótica, contextualizar informações e, com isso, minimizar o impacto junto ao eleitorado.
Um dos exemplos mais marcantes dessa tática ocorreu em 2002, quando o PT lançou a “Carta ao Povo Brasileiro”. O documento foi uma resposta direta ao discurso da direita, que tentava colar em Luiz Inácio Lula da Silva a imagem de um “comunista” que romperia contratos e deixaria de pagar a dívida externa. A carta, ao assumir um compromisso com a estabilidade econômica, tranquilizou o mercado e ajudou a viabilizar a eleição de Lula à presidência.
A lógica também vale para marcas
A mesma lógica pode — e deve — ser aplicada em crises de reputação corporativa. Um dos casos mais emblemáticos aconteceu nos anos 1980, com a Johnson & Johnson. Após a morte de sete pessoas que ingeriram cápsulas de Tylenol contaminadas com cianeto, a empresa agiu com rapidez e transparência: retirou do mercado mais de 31 milhões de frascos do medicamento, mesmo sem saber ao certo a origem da contaminação.
Em seguida, desenvolveu um novo lacre triplo inviolável, que se tornou referência no setor farmacêutico. O custo do recall foi estimado em 100 milhões de dólares — um valor expressivo, mas pequeno diante da preservação da confiança pública e do capital reputacional da marca. O Tylenol voltou ao mercado pouco tempo depois e recuperou sua força.
Até hoje, o caso é citado como um dos maiores exemplos de sucesso em gestão de crise. A lição que fica é que em tempos de superexposição e julgamento instantâneo, vacinar-se contra ataques e crises pode ser o melhor caminho para preservar reputações — seja na política ou no mundo dos negócios.
Por Déborah Almada
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